2º Domingo do Tempo Comum

Jo 2,1-11

‘Fazei o que ele vos disser’

A liturgia deste domingo nos propõe o Evangelho das bodas de Caná. Tal episódio foi colocado neste domingo que segue imediatamente ao tempo do Natal porque, juntamente com a visita dos magos e com o Batismo de Jesus, forma a trilogia da Epifania, ou seja, da manifestação de Jesus. As bodas de Caná constituem o início dos sinais, ou seja, o primeiro milagre realizado por jesus, com o qual ele manifesta em público a sua glória, suscitando a fé dos seus discípulos.

Esse episódio é cheio de significados, os quais destacamos alguns nesse texto. O pano de fundo é o de um casamento. Ora, o cenário das bodas ou do noivado é um quadro onde se reflete a relação de amor entre Iahwéh e o seu Povo. Dito de outra forma, estamos no contexto da “aliança” entre Israel e o seu Deus. Na relação entre Deus e Israel estabelecida no Antigo testamento veio a faltar vinho. O “vinho”, elemento indispensável na “boda”, é símbolo do amor entre o esposo e a esposa. Constata-se, portanto, a realidade da Antiga Aliança tornou-se uma relação seca, sem alegria, sem amor e sem festa, que já não é capaz de gerar vida e felicidade

A realidade de uma aliança estéril e falida é representada pelas seis talhas de pedra destinadas à purificação. Note bem as talhas são de pedra como também eram de pedra as tábuas da lei; as talhas são em seis, um número imperfeito. As talhas eram destinadas a purificação e essa referência à “purificação” evoca os ritos e exigências da antiga Lei que revelavam um Deus susceptível, zeloso, impositivo, que guarda distâncias: ora, um Deus assim pode-se temer, mas não amar. As talhas estão “vazias”, porque a observância da lei era inútil e ineficaz: não servia para aproximar o homem de Deus, mas sim para o afastar desse Deus difícil e distante.

Olhemos para os personagens presentes: uma figura importante é a mãe. A mãe representa o Israel fiel, ou seja, aquelas pessoas que perceberam essa realidade estéril da lei e esperavam o Messias.

O mestre sala é o outro personagem, ele representa os lideres judeus que não percebem que a antiga aliança já está vencida e não produz mais seu efeito. Depois temos os serventes que são os que colaboram com o Messias, que estão dispostos a fazer tudo “o que Ele disser” (cf. Ex 19,8) para que a “aliança” seja revitalizada.

Por fim temos Jesus é a Ele que a Mãe/Israel se dirige no sentido de dar nova vida a essa “aliança” velha; contudo o Messias anuncia que é preciso deixar cair essa “aliança” onde falta o vinho do amor. A ação de Jesus não irá preservar as instituições antigas, mas apresentar uma novidade. Isso acontecerá quando chegar a “Hora”. No entendimento de João a “Hora” é o momento da morte na cruz, quando Jesus derramar sobre a humanidade essa lição do amor total de Deus.

No evangelho desse domingo vemos o programa de Jesus que é restaurar a Aliança entre Deus e seu Povo, contudo é uma nova Aliança, na qual há vinho, ou seja, alegria, vida e amor.