5º domingo da Páscoa

 Jo 15, 1-8

“Aquele que permaneceu em mim, e eu nele, esse produz muito fruto”

No evangelho deste 5º domingo da Páscoa dois verbos aparecem com destaque: Produzir e Permanecer. Produzir frutos. A palavra produzir nos leva a recordar como uma máquina produz, como uma máquina faz as coisas. Produz todas as peças iguais, fabricação em série. O que é produzido é colocado à venda, usado e depois jogado fora. A produção é regularizada, programada, planejada.

De modo diferente é como uma planta produz uma fruta. Se se tentar programá-la para que produza 200 frutos não se conseguirá. Além disso, cada ano a colheita num ano será abundante, noutro será escassa, noutro ano a árvore será infestada por alguma praga ou parasita. Além disso, a produção não aparecerá de repente, cada fruta mesmo sendo da mesma árvore terá cor, sabor, ou paladar diferentes.

Porque é assim? Por causa de uma coisa simplicíssima: a fruta está em um galho, que está grudado num tronco, que está preso no chão, no terreno. Toda a sua produção depende desta ligação. Uma máquina e uma planta!

Todas as duas produzem: a máquina produz objetos belos mas todos iguais, programados até nos detalhes. A planta: uma coisa viva, única, saborosa e que nos dá vida. E se um galho se rompe, se desgruda do tronco, não vai produzir fruto algum. Outra observação importante: Nenhuma árvore come os próprios frutos, eles são levados, são oferecidos para alegria e alimento das outras criaturas. Esta é a perfeição: amadurecer e esquecer-se na doação. Quem não produz fruto priva as outras pessoas que teriam direito a aqueles frutos. Produzir frutos não é portanto algo somente pessoal.

Nossa primeira tarefa é permanecer na videira, não desconectados de Jesus, não permanecer sem seiva e então secar. Somos um ramo, um galho que não é capaz de produzir bons frutos sozinhos, por conta própria, porque temos necessidade de estar enxertados na árvore que é Jesus.

Como fazer para permanecer em Jesus e desse modo produzir frutos?

Deus permanece em nós não como um patrão, mas como seiva vital. Não somente Deus permanece conosco mas Deus permanece em nós.

“Permanecei em mim” nos pede Jesus. Mas há uma só condição para permanecer: nutrirmos da seiva da videira. Não são palavras abstratas, são palavras que se usam também no amor humano: permanecer juntos… não obstante todas as distâncias. É necessário ter memória de que já estamos n’Ele, que Ele já está em nós. E como permanecermos n’Ele para produzir frutos?

Aprendendo a viver de um contato mais apaixonado e imediato com Jesus . Permanecer na videira. Não estarmos desconectados da árvore-videira. Esse encontro pessoal apaixonado supõe uma fé mais adulta. Uma fé que não é uma emoção do coração. Não é sentimentalismo. Uma fé que não é uma opinião pessoal. Não é subjetivismo. Uma fé que não é uma tradição recebida dos pais. Não é um costume religioso. Uma fé que não é uma receita moral. Não é moralismo. Uma fé que não é um tranquilizante. Um amparo para os momentos ruins da vida.

Mas uma fé que é um encontro pessoal com Cristo. Como? Esforçando-nos para que suas palavras permaneçam em nós tendo como livro de cabeceira os Evangelhos.