A Bíblia no contexto digital

Dizer que teríamos o mundo na palma da mão, há uns 20 anos, parecia exagero. Porém, pesquisas feitas na última década mostram que é cada vez maior a tendência de se estar conectado a qualquer hora, tempo e lugar. Estamos diante de uma geração conectada, que tem o smartphone como extensão de suas mãos.

No campo religioso, a presença da Igreja Católica na internet tem se dado de diversas maneiras. A começar pelo Papa Francisco, que, desde seu primeiro ano de Pontificado, se tornou o líder mais popular na rede mundial. Em março de 2014, em sua reflexão dominical do Ângelus, na Praça São Pedro no Vaticano, o Sumo Pontífice afirmou: “É uma coisa boa, ter um pequeno Evangelho, e levá-lo conosco, no bolso, na bolsa, e ler um pequeno trecho em qualquer momento do dia. Em qualquer momento do dia, eu pego do bolso o Evangelho e leio alguma coisinha, um pequeno trecho. Ali é Jesus que nos fala, no Evangelho! Pensem nisto”.

Ter o Evangelho cotidianamente na palma da mão, no bolso, na bolsa, com possibilidades múltiplas de acesso e interpretação já incorporadas ao dispositivo móvel utilizado em nosso dia a dia é algo simples e possível.

Na antiguidade, os livros do Antigo Testamento podiam formar uma biblioteca inteira, porque o formato desses escritos era em rolos manuscritos. Qual não foi o avanço ao terem sido encadernadas em um grande e único volume e, séculos mais tarde, impressos em tamanhos cada vez menores. Alberto Manguel, estudioso dos formatos dos livros ressalta que “de todas as formas que os livros assumiram ao longo do tempo, as mais populares foram aquelas que permitiam ao leitor mantê-lo confortavelmente nas mãos”.

Acredita-se que com os meios digitais, esteja acontecendo a terceira revolução do livro. Estamos na era do livro digital, distribuído de diversas formas, baixado ou consultado gratuitamente pela internet através de aplicativos para computadores e dispositivos móveis. Alguns podem oferecer vantagens no formato digital com hipertexto, a navegação por referências cruzadas, o acesso a conteúdo multimídia e assim proporcionar um conhecimento não linear sobre o assunto a ser pesquisado. Além de que, no universo hipermidiático, cada indivíduo é ao mesmo tempo leitor e autor, tendo a possibilidade de interagir com outras pessoas, emitir opiniões e refletir sobre a opinião de outros.

A partir dos recursos oferecidos por tais aplicativos, com o smartphone nas mãos pode-se fazer estudos bíblicos associados a imagens, à história, às interpretações artísticas estampadas em livros, paredes e vitrais das igrejas, filmes, obras de arte, visitas virtuais.

As novas tecnologias cumprem certas funções de aproximação, popularização, interatividade, variedade de informações. Mas, a riqueza está no fato dos meios se complementarem de diversas formas.

É positivo ver as novas gerações retomando antigas práticas, como ler a Bíblia, através das novas tecnologias aplicadas aos dispositivos móveis, inserindo ou reinserindo-as em seu cotidiano. Desta forma, os textos bíblicos podem estar ao alcance das pessoas assim como estão os games e as notícias.

A Bíblia é um livro vivo, que não se perdeu no tempo, mas se transforma o tempo todo sem perder a sua essência.

 

Por Adriana Ferreira da Silva – Mestre em Comunicação e Semiótica, Docente dos cursos de Comunicação da Faculdade Canção Nova e missionária da Comunidade Canção Nova.

(fonte: Jovens Conectados)