Bíblia – Uma história além das páginas

São três as religiões do livro e as três são monoteístas (creêm na existência de um só Deus)! Por ordem de antiguidade: judaísmo, cristianismo e islamismo. O livro sagrado dos judeus é o nosso antigo testamento, que eles chamam de Torá ou Tanak. Os muçulmanos adotam como regra de fé o Alcorão ou, simplesmente o Corão. Nós cristãos adotamos a Bíblia como livro da revelação de Deus. Para nós, Deus se revelou à humanidade através deste livro sagrado, que consideramos Palavra de Deus. São Paulo escrevendo aos Tessalonicenses elogia a acolhida que deram à Palavra: “O motivo do nosso contínuo agradecimento a Deus é este: quando ouviram a Palavra de Deus que anunciamos, vocês a acolheram não como palavra humana, mas como ela realmente é, como Palavra de Deus, que age com eficácia em vocês que acreditam”. 1Ts 2, 13

A Bíblia não é um livro comum e possui suas particularidades. A Igreja nos ensina que a Escritura é INERRANTE e INSPIRADA. Embora escrita por homens, ela foi inspirada por Deus e não há erros na Bíblia em matéria de fé e doutrina. Encontramos na Bíblia imprecisões históricas, geográficas e de outra natureza, mas a Bíblia não é manual de geografia, história ou outra disciplina. A Bíblia Sagrada não é propriamente um livro, mas uma coleção de livros (73 livros). Escritos em épocas diversas, em línguas diversas (hebraico, aramaico e grego) e por diversas pessoas (os chamados Hagiógrafos) ou escritores sagrados. Estas particularidades da Bíblia fazem deste “livro” um escrito especial. Estes livros podem ser agrupados de acordo com seus gêneros literários: histórico, sapiencial, profético, carta etc.

Esta “complexidade” da Bíblia nos leva a tomarmos alguns cuidados com este “livro”. O primeiro e principal perigo que enfrentamos é a LEITURA FUNDAMENTALISTA do texto. Corremos o risco de fazer uma leitura literal ou ao pé da letra do texto e assim, podemos deformar o texto ou distorcê-lo. Além disso, corremos o risco de usar o texto para justificar absurdos! Para justificar guerras, exploração e injustiças. Á título de exemplo: São Paulo escrevendo aos efésios ensina “mulheres, sede submissas aos seus maridos”. Ef 5, 22 Como interpretar esse texto? Podemos compreender a palavra “submissão” de outra maneira e não devemos interpretá-la ao pé da letra! Há ainda que se considerar o CONTEXTO em que este TEXTO foi escrito. Era um contexto patriarcal, machista, e as mulheres não eram respeitadas em seus direitos.

Assim, para a “arte da interpretação”, no ambiente teológico temos a ciência exegética! Esta ciência bíblica nos leva a considerar o texto, mas também o contexto em que foi escrito. Considera também o PRÉ-TEXTO ou a intenção do autor sagrado. Esta ciência nos ensina também: no ambiente acadêmico há a necessidade do conhecimento do texto bíblico em sua versão original (Hebraico e Grego), afinal há um famoso princípio – “toda tradução é uma traição”! Desse modo, para um estudo profundo da Escritura é necessário conhecer o hebraico e o grego, as línguas semíticas que tem suas características próprias. Em geral estas línguas são “pobres”! A título de exemplo: o sentido da palavra “irmão” na Bíblia. No hebraico não existem palavras como “irmão, tio, sobrinho”. Então, para designar qualquer parentesco, usa-se a palavra “irmão”. (Confira Gn 13, 8)

Que este texto sirva de aperitivo a você leitor, faça crescer seu interesse pela Bíblia. Que neste mês de setembro cresça em nós o amor à Palavra de Deus! Que deixemos o Espírito Santo guiar nossa inteligência para compreendermos e colocarmos em prática a Palavra de Deus. Que o Senhor nos livre de uma leitura fundamentalista da Escritura Sagrada!

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