Natal em família: muito mais que o aniversário de Jesus!

Em tempos de ofensivas contra o sagrado, crescem as iniciativas para se fixar a ideia de que o Natal é um momento de harmonia, paz, confraternizações, troca de presentes e nada mais que isso. Também se amparam nas afirmações que a data é simbólica, pois não se tem registros exatos do dia do nascimento de Jesus.

E o que nós, católicos, temos a dizer sobre isso?

Criada ou não, o fato é que para nós cristãos, uma data definida pela Igreja se torna uma verdade que une a terra e o céu. “O que ligardes na Terra será ligado nos céus!”(Mt 18,18) Com essa autoridade podemos ter a certeza de que acontece um verdadeiro milagre pela força do Espírito Santo na liturgia, que atualiza um fato já ocorrido. Assim como toda missa atualiza o sacrifício de Jesus, na Páscoa o Cristo ressurge e no Natal ele nasce. Por isso as orações da liturgia do Natal não nos convida a recordar o nascimento de Jesus, mas afirma claramente “Hoje nasceu para nós o Salvador que é Cristo Senhor!” É um fato novo, não uma recordação! Só pelos olhos da fé podemos assimilar isto. Por isto, não devemos cair na tentação de fazer festa de aniversário para Jesus com bolo e canto de parabéns (Você já viu alguém cantar “Parabéns” para um bebê que acaba de nascer?).

E como os católicos estão vivendo o Natal?

Mas não é só a redução da festa a um aniversário que vem retirando a sacralidade do momento. No Brasil e em todo o hemisfério sul, a coincidência do Natal com o fim de ano letivo já significa um risco em virtude das intermináveis confraternizações. Não só escolares, mas quase todas as empresas, grupos religiosos e até colegas de todo tipo planejam suas festinhas e trocas de presentes. Não tenho dúvidas que esse comportamento contribui para nos distrairmos do Advento, nos levando às compras e à tentação do consumismo diante de tantas promoções e vitrines atraentes. Esse corre-corre atrás dos presentinhos, bem como as datas das confraternizações também podem nos roubar o tempo para participação na novena de Natal, especialmente em comunidade. Tais confraternizações se encaixariam melhor na oitava do Natal ou início do ano.

No entanto, muitos católicos se preparam bem para o Natal, fazem novena, se confessam, praticam a caridade, cultivam boa espiritualidade e assim preparam uma agradável manjedoura para o Menino Jesus. Mas, no dia do Natal, não acham tempo para recebê-lo e contemplá-lo. Não temos dúvida da importância de se celebrar o Natal com os familiares e até com amigos, mas isto não quer dizer que as reuniões, ceias e trocas de presentes sejam o grande objetivo do momento. Alguns viajam grandes distâncias e enfrentam verdadeiras maratonas em dois dias. Começam a visitar parentes e amigos já na manhã do dia 24, levando suas lembrancinhas. À noite vão para a ceia e aí ficam até a madrugada. Acordam cansados no dia 25, trocam presentes e ainda correm para achar alguma loja aberta, pois esqueceram a lembrancinha do fulano e do cicrano. Em seguida, partem para mais uma confraternização. A Missa de Natal fica espremida no meio de tantos compromissos e, não raramente, é vivida sob grande cansaço.

Natal é uma profunda festa religiosa, onde a prioridade deve ser a celebração espiritual e a renovação interior. Se conseguíssemos entrar neste mistério, ficaríamos extasiados diante do presépio durante horas, contemplando menino Jesus, de fato, vivo, se mexendo e sorrindo na manjedoura, como aconteceu no presépio montado por São Francisco em 1223, o primeiro da história. A noite do dia 24 e o dia 25 de Dezembro nos convidam, além da participação da mesa eucarística, à reflexão, a uma leitura ou um filme sobre o Natal, a um tempo de adoração ao Santíssimo Sacramento, ao terço em família, mas… as festas são tantas.

Como você planeja viver o dia de Natal?

Desejo a você um Santo Natal. Paz e bem!

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