A RCC e o “novo Pentecostes”

Esse ano a Renovação Carismática Católica (RCCR celebra seu Jubileu de Ouro, fazendo memória do retiro acontecido em fevereiro de 1967, em Duquesne – EUA. Nesse retiro alguns jovens se sentiram impulsionados a viver uma nova experiência eclesial, com espiritualidade intensa e arraigada na Sagrada Escritura. A identidade pentecostal ou carismática tornou-se um fenômeno, angariando simpatizantes e críticos no mundo inteiro.

A RCC surge no contexto do encerramento do Concílio Vaticano II, convocado por São João XXIII, que conclamava a Igreja a vivar “um novo Pentecostes”, nessa quadra de grandes novidades para a sociedade e para a Igreja. De fato, a década de 60 do século passado foi um período de intensas transformações em todo o mundo. Na política, nos comportamentos, nos estilos. Na Igreja essas transformações chegariam movidas pelo impulso do Espírito, promovendo o aggiornamento (atualização) proposto por São João XXIII. A RCC surge com outros inúmeros movimentos e novas comunidades que assumiram tal orientação do Concílio, como afirmou o Papa Bento XVI: “Quem olha para a história da época pós-conciliar pode reconhecer a dinâmica da verdadeira renovação, que muitas vezes assumiu formas inesperadas em movimentos cheios de vida e que torna quase palpáveis a vivacidade inesgotável da Santa Igreja, a presença e a ação eficaz do Espírito Santo”(Missa Crismal, 2012). Em 1968 já acontece um evento carismático nacional nos Estados Unidos. Na década de 1970 a RCC se expande admiravelmente por todo o mundo. E as décadas de 1980/90 são marcadas pela organização do movimento e pelo reconhecimento maior da hierarquia da Igreja. É a trajetória da RCC conduzida pelo Espírito.

A espiritualidade da RCC se fundamenta, essencialmente, na cultura de Pentecostes e no uso dos dons carismáticos (dons ministeriais, colocados a serviço da comunidade). A RCC prega, ainda, uma experiência religiosa do encontro pessoal e comunitário com Cristo como forma de engajamento eclesial. As metodologias próprias de oração e de evangelização utilizadas pela RCC não raro provocaram estranheza e questionamentos, afinal se tratava de novidades que não estavam isentas de desvios e exageros. Entretanto, transcorridos 50 anos de existência, a RCC é uma das expressões da Igreja de nossos tempos, com trabalhos já reconhecidos e com práticas já depuradas. Muitos frutos tem dado à seara da Igreja. Renovação da pertença eclesial, recuperação de pessoas já “perdidas”, incentivo à leitura da Palavra de Deus, incentivo à prática sacramental são alguns de muitos frutos colhidos nesse meio século.

“Seja qual for o grau a que chegamos, o que importa é prosseguir decididamente” (Fl 3,16), nos aconselha São Paulo. Que ao fazer memória de toda a graça de Deus vivenciada nesses 50 anos, a RCC possa seguir decididamente sua missão, expandindo o horizonte de suas atuações, considerando que nesse horizonte está a silhueta da Cruz, que nos aponta o caminho do céu.

Vinde, Santo Espírito, renovar a face da terra! Parabéns Renovação Carismática Católica!