As nossas festas juninas!

Pelo segundo ano consecutivo, não podemos participar das nossas festas juninas tradicionais, quando festejamos Santo Antônio, São João Batista e São Pedro. O motivo é óbvio: a pandemia do coronavírus impede as aglomerações e somos convocados a seguir as orientações sanitárias, sendo obedientes ao afastamento social, evitando que o vírus se alastre, causando ainda mais contágios e mortes. A nossa esperança é que a vacinação avance, primeira e segunda doses, e possamos vencer essa batalha. Assim, a vida possa fluir novamente, e poderemos voltar a conviver com os nossos familiares e amigos sem nenhum risco. Temos pressa para que isto aconteça.

Temos razão para reclamar da falta de festas. Elas fazem o ritmo da nossa vida humana. Sem festas, o tempo perde o seu significado. As festas marcam a nossa vida e, sem elas, o tempo corre sem começo nem fim, sem ir a lugar nenhum. Graças às festas, vive-se a vida preparando-se para a festa seguinte e com a lembrança das festas passadas.

Sem festas, a vida fica vazia. Como as festas juninas, há tantas outras que marcam a nossa vida, individual e socialmente. As festas nos ajudam a despertar para a consciência do que somos. Nelas acontecem encontros entre as pessoas, os grupos, o povo. O motivo é celebrar a vida; assim, as festas têm significados antropológicos, sociais, religiosos e culturais.

A festa é um período de descanso, quando deixamos um pouco de lado o trabalho, a rotina para viver o extraordinário. A festa é o tempo da alegria. Tem comida, tem bebida, tem danças e músicas, tem divertimento. As famílias reúnem-se, o povo lembra-se do passado, vem de longe para participar. As festas são manifestações de esperança, anunciam o futuro mais feliz para a nossa vida. Nas festas são suportadas até algumas transgressões em nome da alegria. O critério é celebrar a vida.

Há uma efervescência social em que os valores e as culturas se manifestam repletas de significados. Ora, se não for assim, não é festa! A consciência humana, o senso de pertencimento a um grupo, a uma comunidade aflora com muita alegria. A festa é um exercício de inclusão social e cultural, deste modo, aponta para o ideal da nossa existência.

Sob vários aspectos, compreendemos que a pandemia já causou uma descontinuidade em nossa vida. Será necessária a consciência dessa experiência que estamos vivendo e vai deixar marcas em nós. A começar nas crianças sem poder frequentar o ambiente escolar. Além das dificuldades no aprendizado, o prejuízo na convivência e na socialização.

As festas sempre fizeram sentido nessa relação pedagógica para as nossas crianças. Os jovens e adultos sentem-se, da mesma, forma impedidos, mas têm consciência da contingência momentânea que atravessamos. Juntos queremos celebrar a vida, sonhar por melhores dias, quando haverá novas perspectivas de realizações. O ambiente de festa nos agrega para celebrar a vida, para resistir a tudo o que nos priva de liberdade e paz.

Que Santo Antônio, São João Batista e São Pedro nos protejam. No ano que vem terá festa, aponta a nossa esperança!

Texto de Padre Luís Rodrigues Batista

Fonte: A12