O Largo das Mercês esteve movimentado no último domingo, 24. Desde as primeiras horas do dia já havia manifestação de fiéis nos arredores do pequeno templo localizado em um dos pontos altos de São João del-Rei, tudo para homenagear a Virgem Maria, Senhora das Mercês.
Se olhar no dicionário, a palavra mercê possui diversos significados. Um deles diz que mercê é um favor, um benefício, podendo associar a Maria, que doa benefícios aos seus filhos, devotos. Outro significado já se remete a disposição que Maria de coloca diante de seus filhos, principalmente, na intenção de aproxima-los de Jesus Cristo.
Segundo a tradição, a Virgem Maria apareceu a São Pedro Nolasco, em Barcelona, dando-lhe a missão de libertar os cristãos cativos, transformando o trabalho que já fazia numa ordem religiosa que se espalhou por todo o mundo. A ordem chegou em São João del-Rei em 1740 e se intensificou no início do século XX, com a chegada da congregação para o serviço de saúde no Hospital Nossa Senhora das Mercês.
Até hoje a devoção ao título mariano é presente na vida dos são-joanenses que não economizam esforçou para participar da programação festiva, composta por 6 missas, procissão e benção. Na parte da manhã, o bispo de São João del-Rei, Dom José Eudes Campos do Nascimento, presidiu a Missa Solene. Segundo o bispo, essa festa é uma oportunidade para reforçar o compromisso de cristão.
“A festa de Nossa Senhora das Mercês nos recorda esse importante dado da nossa fé: temos um Deus que é Pai amoroso e que não tolera a escravidão dos seus filhos. Mas, para libertá-los da escravidão, não quer agir sozinho. Conta com a colaboração humana. Essa festa pede de todos nós um renovado compromisso de conversão que implica em rompimento com o pecado e opção firme por viver na Graça de Deus“, pontua o bispo diocesano de São João del-Rei, Dom José Eudes Campos do Nascimento.
Após a última missa do dia, os fiéis partiram em procissão pelas ruas do centro histórico. Durante o trajeto, muitas orações, súplicas e agradecimentos a Mãe de Deus. Em frente a Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, um momento de grande emoção. Crianças, de branco, entoaram canções marianas em homenagem a Nossa Senhora. A apresentação foi organizada pelo Conservatório de Música Padre José Maria Xavier e já adentra como tradição durante o cortejo. Em frente o Hospital, outra apresentação.
Como nos demais anos, Monsenhor Geraldo Magela ficou responsável por acolher os fiéis que se aglomeravam próximo a escadaria. “Maria está de braços abertos para nos acolher e abraçar. Quanta graça recebemos de Deus, por intermédio de Maria. Ela nos ajuda a fazer a defesa para o bem e lutar pela vida indefesa, tão ameaçada”, reforçou o sacerdote se referindo ao pedido de inclusão em pauta da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442 no Supremo Tribunal Federal (STF). A ação pleiteia a possibilidade de descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.
O momento foi seguido por um verdadeiro espetáculo de fé que ocupou toda a escadaria da pequena igreja, ao som da “Marcha das Mercês”, composta por Luiz Baptista Lopes, artista da segunda metade do século XIX e início do XX. Já no interior da igreja, houve benção do Santíssimo Sacramento e o canto do Te Deum Laudamus.
A festa tem seu desfecho nesta segunda-feira, 25, com a pequena procissão em honra a Nossa Senhora do Bom Parto e benção das gestantes.