Mt 14,13-21

“Dai-lhes vós mesmos de comer!”

Nos domingos passados, as leituras do Evangelho versavam sobre as Parábolas do Reino. Na liturgia deste domingo, a questão do Reino permanece, mas agora em gestos e imagens que revelam o Reinado de Deus. Uma das imagens mais fortes da realidade do Reino é a abundância de alimentos, por isso o Evangelho e a primeira leitura trazem a imagem de um “banquete”. Para os semitas o banquete é o momento do encontro, da fraternidade, em que as pessoas estabelecem entre si laços de familiaridade e de comunhão.

Nosso evangelho é retirado de Mateus e, segundo os estudiosos, o primeiro evangelho, coloca Jesus como um novo Moisés, que tem a missão de salvar o povo e conduzi-lo ao Reino definitivo. As ações de Jesus são colocadas em paralelo com as de Moisés. O deserto é o lugar do encontro com Deus; foi no deserto que Israel fez uma experiencia com Deus.

Agora, Jesus está no deserto, é Ele quem vai conduzir o Povo a uma nova experiencia com Deus. Note que o texto diz que a multidão o seguiu. Não se trata de um simples detalhe narrativo, mas de uma alusão a realidade eclesial: o novo povo de Deus, que é a Igreja, segue Cristo e é por Ele reunido no banquete final.

Temos no texto uma alusão ao Maná. São análogos a presença do povo no deserto e o modo extraordinário com que a comida é providenciada. O intento do relato evangélico e de mostrar Jesus como novo Moisés, que, por compaixão, prepara alimento para a multidão, no deserto (SI 78,19).

Uma outra questão importante no texto são os gestos de Jesus que toma os pães (e os peixes), levanta os olhos para os céus, agradece a Deus, parte os pães e os dá ao povo demonstrando uma solenidade ritual que faz alusão ao rito eucarístico (26,26).

O relato apresenta Jesus como sendo o profeta final que chama todos a participar do banquete escatológico, isto é, da salvação. O novo povo de Deus nutre-se na mesa eucarística com o corpo e o sangue de Cristo. Na Igreja, os apóstolos e os ministros partem o pão eucarístico e a palavra do Senhor.