Paraliturgia do Encontro reúne fiéis no centro de São João del-Rei

O calendário litúrgico indica que ainda está no período quaresmal, mas, em São João del-Rei, o clima de Semana Santa chega sempre com semanas de antecedência. É a Comemoração dos Passos, uma das mais autênticas e legítimas tradições da histórica cidade do Campo das Vertentes. Preservada há mais de dois séculos, a festa paralitúrgica recorda o tocante encontro de Jesus e Maria durante a Via Crucis.

_MG_4268A programação maior iniciou na Sexta-feira, 04, com o Depósito de Nossa Senhora das Dores. Saindo da Catedral do Pilar, a imagem da Virgem Dolorosa foi encaminhada para a Igreja de Nossa Senhora do Carmo. O mesmo ocorreu com a imagem do Senhor Bom Jesus dos Passos, que, em depósito, foi direcionado a Igreja de São Francisco de Assis, na noite de sábado, 05.

Como de costume, o quarto domingo da quaresma amanhece diferente na cidade. Quaresmeiras, amêndoas e rosmaninho são alguns dos símbolos que “ornamentam”, ainda mais, a solenidade. Os tradicionais sinos, e suas peculiaridades, também completam a simbologia, afinal, é nessa festa que eles (os sinos) entram em disputa e realizam o magnífico combate.

_MG_4674O repertório musical é o mesmo executado há mais de duzentos anos. Também o costume popular  de beijar três vezes a fita do Senhor dos Passos, alternando com passagens debaixo da cruz que a imagem trás às costas, contornando o andor em sentido anti-horário, é muito antigo.

No fim da tarde, os olhares dos fiéis são direcionados apenas para as duas imagens de roca, ornamentada em seus respectivos andores. A cena, que comoveu a todos, foi acompanhada por milhares de fiéis que se aglomeraram na Praça Barão de Itambé (Largo da Câmara). Para conduzir o sermão, foi convidado o Bispo Diocesano de Petrópolis/RJ, Dom Gregório Paixão.

Após o tocante encontro as imagens, juntamente com os fiéis, saíram em procissão rumo a Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar. Durante o percurso, os fiéis acompanhavam os Motetos dos Passos como “O Senhor Deus”, “Miserere”, “Popule Meus”, “O Vos Omnes” e “Adoramus Te”. Todos, executados pela Orquestra Ribeiro Bastos.

_MG_5075Alex Bastos saiu de São Paulo e participou mais uma vez da “Comemoração”. Segundo ele, é uma beleza vista apenas em São João. “Estar aqui e celebrar estas festas é como adentrar num oásis de espiritualidade encontrado hoje somente aqui”. O jovem também não hesitou em destacar o momento de sua preferência. “O mais tocante foi o momento do encontro, nas escadarias das Mercês, e a beleza do sermão proferido por Dom Gregório Paixão, com reflexão tão piedosa e, ao mesmo tempo, tão atual. Muito condizente com as dores e sofrimentos do nosso tempo”, destacou.

Há entrada da procissão, no interior da Catedral, Dom Gregório proferiu o Sermão do Calvário, encerrando assim as comemorações de 2016.

Fotografias de Eduardo Carazza