Solenidade de Todos os Santos

Mt 5,1-12a

“Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus”

A Solenidade de Todos os Santos é um convite a voltarmos nossos corações e mentes para o Céu, contemplando uma multidão de santos que já participam da glória de Deus. Neste dia, a Igreja celebra todos aqueles que, pela sua vida de fé, testemunho e fidelidade ao Evangelho, alcançaram a plenitude do amor divino e a comunhão eterna com o Senhor.

A fé cristã nos ensina que Deus é o único Santo. Na Bíblia, a palavra “santo” significa “separado”, revelando um Deus único, absoluto e pleno, que transcende tudo o que existe. A Ele registramos a fonte de toda santidade, proclamando em cada missa: “Só Vós sois o Santo”. Entretanto, esse Deus, que é santidade perfeita, quis compartilhar essa vida divina com cada um de nós. Por amor, Ele invejou Seu Filho único e, por meio do sacrifício de Jesus e do dom do Espírito Santo, somos chamados a participar de Sua santidade.

A santidade que Deus nos concede pelo batismo é, então, um dom que precisa se manifestar em nossa vida concreta. Somos convidados a viver em conformidade com o exemplo de Jesus, nosso modelo de santidade, que é o Bem-aventurado por excelência. Ele nos mostra o caminho das bem-aventuranças, ensinando que a santidade se manifesta na pobreza de espírito, na mansidão, na sede de justiça, na misericórdia, na pureza de coração e na paz. Ser santo é ser como Cristo, abrindo-se ao Espírito Santo e permitindo que Ele nos transforme, nos aproximando mais e mais de Deus Pai.

Na segunda leitura de hoje, São João nos recorda que ainda não somos cumpridos aquilo que seremos, mas vivemos na esperança: “Quando Cristo se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque O veremos tal como Ele é”. Isso nos mostra que a santidade é um processo contínuo, uma caminhada que somente será completa na glória celestial.

Olhando para a visão de São João no livro do Apocalipse, vemos duas imagens de salvação. A primeira é uma multidão de cento e quarenta e quatro mil pessoas, representando a totalidade do Povo de Deus que ainda luta e peregrina na terra. Deus chama cada um de nós para fazer parte dessa multidão de eleitos, revelando Seu desejo de que todos sejam salvos. A segunda imagem é a de uma multidão incontável, formada por pessoas de todas as nações, tribos e línguas. São os santos, aqueles que já atingiram a glória eterna, que lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro e triunfaram nas tribulações da vida. Essa visão nos conforta e nos inspira, pois ela nos lembra que somos chamados à mesma vitória e glória dos santos.

A santidade, portanto, não é reservada a uma elite; é uma vocação universal. Todos nós, sem exceção, somos chamados a viver essa plenitude da vida divina. Ao olhar para os santos, percebemos que a santidade não é algo inacessível ou reservado para poucos. Ela é, antes de tudo, um caminho de entrega, confiança e obediência a Deus, de união com Cristo, de constante abertura ao Espírito Santo.

Que a celebração de Todos os Santos nos encoraja a seguir o exemplo desses homens e mulheres que foram verdadeiros heróis da fé. Hoje, a sociedade muitas vezes nos apresenta outros modelos de “heróis” – atletas, artistas, celebridades –, mas a vida dos santos nos lembra que os verdadeiros heróis são aqueles que, em sua humanidade, conseguem se abrir para a graça de Deus e viver a plenitude do Seu amor. Que podemos inspirar neles, assumindo o compromisso de buscar a santidade em nossas vidas diárias.

Peçamos a intercessão de todos os santos e santos de Deus, especialmente da Bem-aventurada Virgem Maria, modelo perfeito de santidade e discípula fiel do Senhor. Que eles intercedam por nós e nos ajudem a viver a nossa vocação à santidade com coragem e perseverança. Que, um dia, esperamos nos unir a essa grande multidão, participando da glória eterna e da felicidade plena em Deus.