A Semana Santa é um dos períodos litúrgicos onde se exige uma forte preparação por parte dos fiéis e das comunidades católicas. Contudo, assim como São João del-Rei, as comemorações em Tiradentes ocorrem com certa antecedência. Neste caso, a celebração paralitúrgica, que remota o encontro de Nosso Senhor Jesus Cristo com Maria Santíssima, durante o percurso da Via Sacra, foi celebrado no último domingo, 03, no centro da cidade histórica. Dom José Eudes Campos do Nascimento, bispo diocesano de São João del-Rei, proferiu os sermões.
Oficialmente, a solenidade tem mais de 300 anos, pois conta-se a data de fundação da Irmandade do Bom Jesus dos Passos, em 02 de outubro de 1721. Mas é certo que a imagem já exista antes dessa data e, possivelmente, a procissão. Enfim, uma tradição secular, preservada até hoje.
“É uma manifestação da fé de todos os católicos, sobretudo, vivenciando neste tempo quaresmal. Isso nos ajuda a meditar mais sobre a vida de Cristo e sua Paixão. Isso nos encaminha para o central, que é a Páscoa. Depois de dois anos sem realizar tal celebrações, é de grande alegria poder voltar e ver o desejo do povo para essa participação. É uma alegre realização de que não estamos perdidos e que Deus tem nos acompanhado nossa caminhada de fé”, destaca o pároco, padre Álisson André sacramento.
Ao fim da tarde, a imagem do Senhor carregando a cruz deixou a Igreja Nossa Senhora das Mercês. O mesmo ocorreu com a imagem de Nossa Senhora das Dores que partiu da Igreja São João Evangelista. O tocante momento do encontro foi ocasionado na Praça Lourival de Salvo Rios, onde o bispo diocesano, Dom José Eudes Campos do Nascimento, conduziu o sermão, falando sobre memória, encontros e desencontros sociais e religiosos.
“Rememoramos um dos encontros mais emocionantes da vida de Jesus e Maria, aos quais a humanidade deve a sua salvação. Neste ritual religioso, solidificamos os elos entre passado e presente para esperar um futuro mais promissor. Lamento profundamente que a sociedade do tempo presente esteja experimentando o apagamento da memória cultural, religiosa e social. Essa celebração é um convite para todo cristão, em qualquer situação, a renovar seu encontro pessoal com Jesus. Quem se arrisca, o Senhor não desilude”, pontuou o bispo de São João del-Rei.
Dom José Eudes também destacou os problema socias e políticos da época de Jesus e exigiu mudanças para os dias atuais. “Hoje fazemos memória de um Encontro carregado de dor. Maria, Jesus, corações que só sabem amar, sendo dilacerados pela dor provocada pelo poder, ganancia e falta de humanidade do poder político e religioso. Comtemplemos este encontro de dor, mas que não seja, apenas, mais uma reflexão vazia, mas que aprendamos urgentemente a promover a paz, promover encontros de amor e não de dor, e que ele transforme as nossas vidas”.
A cerimônia teve seu término com o Sermão no Calvário, no interior da Igreja Matriz de Santo Antônio.