4º Domingo da Páscoa

Jo 10,11-18

“Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas”.

No 4º Domingo do tempo da Páscoa lemos o evangelho do “Bom Pastor” (Jo 10,11-18). O Evangelho desse domingo muda o enfoque e não apresenta um encontro do Ressuscitado com a comunidade de fé, e sim como ela (a comunidade) o percebe e descreve com base na imagem do pastor. Este domingo é dedicado a Oração pelas Vocações.

São João dedica uma parte do seu evangelho para um ensinamento a respeito do Bom Pastor. O intuito deste ensinamento é mostrar qual é a missão de Jesus. A missão do Messias consiste em conduzir o homem às pastagens verdejantes e às fontes cristalinas de onde brota a vida em plenitude.

A figura do pastor está presente na tradição teológica de Israel. No livro de Ezequiel, por exemplo, o profeta afirma que os líderes de Israel foram maus pastores que conduziram o Povo por caminhos errados. O mesmo Ezequiel afirma que o próprio Deus vai agora assumir a condução do seu Povo; Ele colocará à frente do seu Povo um “Bom Pastor”, que conduzirá o povo pelos caminhos da vida.

Essas profecias se cumprem em Jesus com características novas. Ele é o Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas e que este estabelece pastores para que continuem a sua missão.

O Evangelho se inicia com a seguinte afirmação: “Eu sou o bom pastor” (Jo 10,11). Com essa expressão, Jesus, está dizendo ser ele o modelo de pastor. No mesmo versículo, Cristo, revela como deve ser o modo de agir desse pastor ideal: “O bom pastor dá a vida por suas ovelhas”. O verdadeiro pastor é aquele que é capaz de se entregar a si mesmo para dar a vida às suas ovelhas.

Jesus é um pastor que conhece as ovelhas, e as ovelhas o conhecem. Conhecimento no contexto evangélico não deve ser entendido como uma operação intelectual, e sim como uma experiência de uma presença, que desabrocha em amor, desta maneira, Jesus conhece suas ovelhas, da mesma forma como conhece o Pai e o Pai o conhece. Por isso, é capaz de dar a vida, porque ama.

No excerto do evangelho Jesus diz que não possui apenas as ovelhas do seu redil. Ele tem algumas ovelhas dispersas (fora de Israel) para reconduzir, a fim de que haja um só rebanho, com um só pastor (cf. Ez 37,24).  Jesus deixa claro que a sua missão não se limita ao Povo judeu, mas é uma missão universal, que se destina a dar vida a todos os povos da terra.

Ao final deste evangelho Jesus diz: É por isso que meu Pai me ama, porque dou a minha vida, para depois recebê-la novamente. Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo; tenho poder de entregá-la e tenho poder de recebê-la novamente; essa é a ordem que recebi de meu Pai”.

Com esses versículos Jesus deixa claro que a sua missão se insere no projeto do Pai para dar vida a humanidade, e que essa missão é exercida na liberdade. Note bem que, ninguém tira a vida de Jesus, pois é o próprio Jesus quem dá a sua vida de forma livre. Ao dar a sua vida, Cristo está consciente de que não perde nada. Quem gasta a vida no serviço do projeto de Deus, não perde a vida, mas está conquistando para si e para o mundo a vida eterna e verdadeira.

Referências:

CARVAJAL, Francisco F.. Falar com Deus: Meditações para cada dia do ano. 2 ed. São Paulo: Quadrante, 1991. Vol. 2.

MAREANO, Marcus. In. Vida Pastoral, março-abril de 2021 – ano 62 – número 338 – pág.: 62-64

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