4º Domingo do Advento

Lc 1,26-38

 “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!”

Estamos no 4º Domingo do Advento e lemos o evangelho de Lucas que narra o episódio da anunciação. O texto nos coloca em Nazaré cidade da Galileia em volta do Lago de Tiberíades. A região da Galileia era considerada pelos judeus uma terra longínqua e estranha, em permanente contacto com as populações pagãs e onde se praticava uma religião heterodoxa, influenciada pelos costumes e pelas tradições pagãs. Daí a convicção dos mestres judeus de Jerusalém de que “da Galileia não pode vir nada de bom”.

No que diz respeito a cidade de Nazaré, era uma aldeia pobre e ignorada, nunca nomeada na história religiosa judaica e, portanto, completamente à margem dos caminhos de Deus e da salvação.

A conversa começa com a saudação do anjo. A palavra grega usada na saudação é “Kaire”, significa “rejubila”, “alegra-te”. E aqui está o primeiro elemento que surpreende: a saudação entre os judeus era “Shalom”, “paz”, enquanto a saudação no mundo grego era “Kaire”, “alegra-te”.

É interessante que o Anjo, ao entrar na casa de Maria, utiliza a saudação dos gregos: “Kaire”, “alegra-te, rejubila”.  Quando os gregos, anos mais tarde, leram este Evangelho, puderam perceber com o início do Novo Testamento, a que se referia esta página de Lucas, teve lugar também a abertura ao mundo dos povos, à universalidade do Povo de Deus, que incluía não só o povo hebreu, mas também o mundo na sua totalidade, todos os povos. Nesta saudação grega do Anjo manifesta-se a nova universalidade do Reino do verdadeiro Filho de Davi.

A salvação que tem início com a encarnação do verbo não é um evento fechado a um determinado grupo. A salvação é um evento universal. O Evangelho retrata o momento em que Jesus encarna na história dos homens, a fim de lhes trazer a salvação e a vida definitivas. Mostra como a concretização do projeto de Deus só é possível quando os homens e as mulheres que Ele chama aceitam dizer “sim” ao projeto de Deus, acolher Jesus e apresentá-lo ao mundo.