No dia 15 de agosto, a Igreja celebra a Solenidade da Assunção de Maria. No Brasil, essa solenidade é transferida para o domingo posterior, permitindo que todos possam participar deste momento litúrgico tão significativo. A Assunção de Maria, definida como dogma pela Igreja, afirma: “declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a imaculada Deípara, sempre virgem Maria, completado o curso da vida terrestre, foi assumida em corpo e alma na glória celeste” (Pio XII, Munificentissimus Deus, 1950).
A Assunção de Maria está profundamente ligada à escatologia e à antropologia cristãs. De acordo com a visão escatológica atual, a ressurreição do ser humano deve ser entendida como um evento integral que ocorre na morte. O que a Igreja crê que acontecerá a todos os homens – a vida íntegra, consumada na comunhão com o Deus Trino – já foi realizado em Maria. Ela, assumida ao seio da Trindade, se torna um sinal de esperança e modelo para todos os que creem.
Maria é a primeira criatura redimida de forma absoluta e, por isso, arquétipo da orientação fundamental de todo ser humano para Deus. Como exemplo de fé e entrega total, Maria nos ensina que a vida cristã, quando vivida em plena comunhão com Deus, é uma antecipação da vida eterna.
No Evangelho de Lucas (1, 39-56), vemos o encontro de Maria com Isabel, um momento que estabelece uma ligação profunda entre as duas anunciações. A saudação de Isabel, movida pelo Espírito Santo, reconhece Maria como a nova arca da aliança, portadora do Deus encarnado. O cântico de Maria, o Magnificat, é uma proclamação do cumprimento das promessas divinas, começando em Maria e se estendendo a toda a Igreja.
Em Maria, Deus já realizou a plenitude de sua obra redentora. Com ela, proclamamos: “dispersou os soberbos, exaltou os humildes” (Lc 1, 52). Os humildes são aqueles que, como Maria, acolhem em seu ser a nova vida em Cristo, permitindo que Deus cumpra neles as suas maravilhas.
Neste dia em que celebramos a Assunção, somos convidados a olhar para Maria como modelo de fé, esperança e amor. Que ela nos inspire a viver nossa fé com a mesma entrega e confiança, certos de que, como ela, seremos chamados à comunhão eterna com Deus.


Referências Bibliográficas:
- Pio XII, Munificentissimus Deus, 1950.
- Bento XVI, Spe Salvi, 2007.
- Catecismo da Igreja Católica, Edição Típica Vaticana, 1997.





