Mc 8,27-35
“Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”
Neste 24º Domingo do Tempo Comum, o Evangelho de Marcos nos apresenta a profissão de fé de Pedro, um momento decisivo na caminhada dos discípulos com Jesus. O episódio inicia-se com uma pergunta que Jesus dirige aos seus seguidores: “Quem dizem os homens que eu sou?” As respostas refletem a pluralidade de opiniões que existiam à época. Para muitos, Jesus era visto como mais um profeta, alguém justo e bom, mas sem a plena compreensão de sua verdadeira identidade.
Diante dessa diversidade de percepções, Jesus dirige a mesma pergunta aos seus apóstolos, e Pedro, em nome de todos, responde: “Tu és o Messias”. Esta resposta revela um conhecimento mais profundo, adquirido pela convivência e experiência direta com Jesus. Pedro e os demais apóstolos acompanharam o Mestre por toda a Galileia, escutando seus ensinamentos e presenciando seus sinais. Ao proclamar que Jesus é o Messias, Pedro reconhece que Ele é o Cristo, o Ungido de Deus.
Entretanto, a compreensão de Pedro e dos apóstolos acerca da missão do Messias ainda era limitada. Para muitos judeus, a figura do Messias estava associada a uma restauração política de Israel, com a derrota dos dominadores romanos. Esse era também o entendimento de Pedro, razão pela qual ele reage com incompreensão e resistência quando Jesus anuncia seu sofrimento, morte e ressurreição. A ideia de um Messias que enfrentaria a cruz contrariava a expectativa de um líder vitorioso conforme a lógica humana.
A resposta de Jesus a Pedro é dura e direta: “Vai para trás de mim, Satanás”. Jesus deixa claro que sua missão segue a vontade do Pai e não os anseios terrenos de glória imediata. Ao repreender Pedro, Jesus rejeita as tentações de um messianismo triunfalista e reafirma o caminho da cruz como condição para a redenção. Ele convida seus discípulos a abraçar este caminho: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. O seguimento de Jesus, portanto, exige a disposição para o sacrifício e para a entrega total à vontade de Deus.
O Evangelho nos provoca, ainda hoje, a responder à mesma pergunta feita por Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Em nossa sociedade contemporânea, muitas vezes Jesus é reduzido a uma figura histórica, vista por alguns como um grande mestre moral ou um revolucionário social. Contudo, essa visão permanece incompleta. O verdadeiro discípulo é chamado a professar que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, enviado para nos salvar por meio de sua paixão, morte e ressurreição.
A profissão de fé de Pedro nos inspira a renovar, em cada tempo, nosso compromisso de discípulos. Não basta reconhecer Jesus como um exemplo de virtude ou um líder espiritual. Somos chamados a reconhecê-lo como o Messias, o Salvador que nos conduz à vida plena em comunhão com Deus. A cruz, que Pedro inicialmente rejeitou, é o caminho necessário para essa vida, e segui-lo implica assumir com coragem e fé a missão que o Senhor nos confia.
Que este Evangelho ecoe em nossos corações, fortalecendo nossa fé e nos conduzindo ao seguimento fiel de Cristo, o Messias e Salvador.







