Padres e diáconos testemunham experiência vivida em Retiro do Clero

Entre os dias 26 e 29 de maio, os padres e diáconos da Diocese de São João del-Rei participaram do retiro anual do clero: um tempo sagrado de silêncio, escuta e renovação interior. O encontro foi conduzido por Dom Valter Magno de Carvalho, atual bispo auxiliar de Salvador e bispo nomeado da Diocese de Ituiutaba/MG, que, com sabedoria evangélica e sensibilidade pastoral, guiou os sacerdotes a revisitarem o dom e a missão do ministério ordenado à luz da Palavra de Deus.

Com mais de 50 anos de sacerdócio, Padre José Bittar vê a oportunidade como enriquecedora e valorosa na caminhada ministerial de cada presbítero e não economizou em falar sobre o aprendizado deixado pelas palavras do pregador. “O pregador, Dom Valter Magno de Carvalho, com sabedoria e sensibilidade pastoral, nos motivou a fazer uma ‘parada’ nas exigentes atividades pastorais, para voltarmos o olhar a nossa vida espiritual. Foi um convite oportuno à interiorização, a escuta de Deus e ao cuidado com o essencial que sustenta toda a nossa missão que a proximidade com Deus e a nossa espiritualidade. Nestes dias, fomos convidados, pelo pregador a fazer uma memoria do nosso chamado vocacional, reafirmando o início do nosso ‘sim’ e atualizando esse chamado. Um exercício profundo de gratidão, discernimento e renovação do compromisso sacerdotal”, pontua.

Para o sacerdote, as reflexão propostas giram em torno do ministério sacerdotal, proporcionando um aprofundamento teológico e espiritual das dimensão que estruturam o ministério.
“Cada uma das funções, ou seja, missão, foi abordada com profundida, nos levando a avaliar como estamos exercendo nosso serviço junto ao povo de Deus e nos desafiando a vive-lo com maior, autenticidade, zelo e entrega, reavivando a chama vocacional”.

Ordenado em dezembro de 2024, Padre Diego Adriano Ricardo participou pela primeira vez do retiro anual como presbítero. “O Retiro Espiritual é este tempo da graça que somos convidados a nos encontrarmos com Deus e fazer a nossa experiência com Ele, para que, na alegria de sermos Pastores, anuncia-Lo, em nossas realidades Paroquias. Neste tempo de pausa em nossas atividades, a oração e a Eucaristia, muito ajuda, para que não percamos o nosso ideal e possa ainda mais arder o nosso coração diante do chamado e da missa de cada um de nós, presbíteros. Iniciando minha missão como sacerdote, é sempre bom salutar esta experiência de encontro com o Senhor e a Fraternidade Sacerdotal, que muito me ajudará nessa caminhada”.

 

Para os diáconos Juliano Henrique de Paula e Guilherme Carvalho Resende , ordenados em fevereiro deste ano, o evento, além de novidade, foi enriquecedor. “Viver a experiência de um tempo de retiro é sempre ocasião privilegiada de renovação espiritual e de fortalecimento da missão confiada por Deus a cada um de nós. Retirar-se para escutar com docilidade a Palavra, cultivar o silêncio fecundo da oração e partilhar a fraternidade com os irmãos no ministério ordenado é reconhecer, com humildade, que não caminhamos sozinhos. O Senhor da Messe é quem guia nossa vida e vocação. É d’Ele que tudo provém, e é n’Ele que tudo encontra sentido. Neste horizonte de gratuidade, compreendemos que a vocação é dom e tarefa: dom recebido da misericórdia divina e tarefa compartilhada na corresponsabilidade do anúncio do Evangelho entre os irmãos. Caminhar juntos, na escuta do Espírito e no serviço ao povo de Deus, nos configura como sinais vivos da graça que nos precede, nos acompanha e nos envia. Em cada irmão que partilha o mesmo ideal, reconhecemos a presença do Ressuscitado que continua a edificar sua Igreja com pedras vivas, tornando cada encontro um verdadeiro sacramento de comunhão e esperança”, pontua o Diácono Juliano.

Aprendizado similar o do Diácono Guilherme. “Inspirando-se nas Escrituras, Dom Valter convidou o clero a mergulhar nas raízes da vocação sacerdotal. Evocando imagens bíblicas como o oleiro e o barro (cf. Jr 18,6) e o Bom Pastor (cf. Jo 10), recordou que o sacerdote é, antes de tudo, um homem moldado pela graça, chamado a configurar-se com Cristo Servo, em humildade e entrega. ‘O sacerdote precisa retornar ao essencial, à simplicidade de um coração tocado pelo Evangelho e à escuta sincera do que Deus quer’, afirmou o pregador. O retiro foi, assim, uma oportunidade de reencontro com o chamado original e de renovação do ardor missionário. No deserto silencioso do retiro, o coração reaprende a escutar o murmúrio de Deus e, como terra irrigada por dentro, torna-se nascente viva para aqueles que têm sede do Mistério. Ali, onde o ruído do mundo silencia, a Palavra se faz carne no íntimo da alma, e o sacerdote reencontra-se não como gestor do sagrado, mas como guardião do invisível.

É nesse esconderijo de Deus que o ministério é depurado, o olhar purificado e os passos reconduzidos à Fonte. Voltamos, não com respostas prontas, mas com os ouvidos despertos, os pés descalços e o coração abrasado pelo fogo que arde sem consumir. Por tudo o que vivi, rezei e renasci nesses dias, rendo graças ao Senhor da Messe, que me concedeu a graça de participar do meu primeiro retiro do clero um tempo de encontro, escuta e profunda renovação”.

Padre Joaquim, SCJ, é dehoniano e realiza um trabalho junto à Fazendinha do Padre Israel, em Lavras. Para o sacerdote, a experiência do retiro é um verdadeiro Tempo de Graça e, regressar dele, é animador. “Foi um privilegio poder revisitar o compromisso que fizemos em nossa ordenação. Volto com mais entusiasmo e alegria para viver o meu dia a dia com mais amor e santidade”.

A programação contou, ainda, com momentos de oração pessoal, celebrações, adoração, silêncio orante e convivência fraterna. O evento aconteceu no Retiro das Rosas, em Cachoeira do Campo, local situado à 75 km de Belo Horizonte e 19 km de Ouro Preto.

 

Colaboração: Padre Rondineli Cristino | Assessor Diocesano de Comunicação

Filmagem: Padre João Dantas