Emocionante… comovente até as lágrimas: o cenário, a reflexão do Papa Francisco, o silêncio “ensurdecedor”… a oração diante da pandemia do covid19. Mesmo quem não professa a mesma fé que a nossa ficou tocado pela cena. A pedido do próprio papa a praça vazia ao contrário do que pensávamos que poderia ter a praça de S. Pedro abarrotada (não de gente, é claro) mas de fogos de artificio, de música, de faixas, etc. não! Mas apinhada de silêncio, de chuva e do branco daquela batina caminhando, caminhando.
Marcos, 4,35-40 : A tempestade, o barco, Jesus dorme, os discípulos apavorados. “ Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?”
E lá pelas tantas diz Francisco: “estamos todos nesse barco em meio à tempestade…para não nos afundarmos só o conseguiremos juntos e não cada um por conta própria. ” Após citar a lista enorme “daqueles que não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas, nem nas grandes passarelas do último espetáculo “ (médicos(as), enfermeiros(as), pessoal da limpeza, trabalhadores(as) dos supermercados, cuidadores(as), policiais, padres, religiosas, etc., etc.) mas que hoje estão escrevendo os acontecimentos decisivos da nossa história, Francisco diz a palavra que me tocou profundamente: “todos esses compreenderam que ninguém se salva sozinho”.
Quando eu era coordenador de pastoral da diocese para ajudar na implantação das diretrizes do Concilio Vaticano II, convidei um teólogo da Índia monsenhor Ballirassuya, que já estava no Brasil há 4 anos, para 3 dias de formação aos presbíteros. E ficou plantada em mim até hoje uma reflexão sua: “ Deus não nos salva como jabuticaba, mas como penca de banana”. Isto é: não basta estarmos ligados ao tronco da árvore: “ eu e meu Jesus”! Ora sabemos que não existe bananeira que dá banana uma a uma, mas é sempre em penca.
Então Francisco repete: ninguém se salva sozinho. “É preciso despertar e ativar a solidariedade e a esperança, capazes de dar solidez, apoio e significado a essas horas em que tudo parece naufragar.”
Do texto completo de sua meditação, seria interessante guardá-la de cor. Guardá-la de cor para enfrentarmos todas as tempestades de nossas vidas, além do coronavírus, Covid-19, não nos esquecermos dessa meditação do Papa Francisco, nesse dia 27 de março de 2020, na praça de São Pedro, vazia, vazia e cheia, repleta de fé e esperança. Guardá-la de cor não para decorá-la na memória, mas guardá-la de cor, isto é, guardá-la de coração.