Quando Lutero (1483-1546) tomou a decisão de publicar as suas 95 teses pregando-as na porta da igreja em 1517 começava um movimento de reforma que ficou conhecido como “protestantismo”. Mas muitos protestaram antes de Lutero. Como ignorar, por exemplo, os gritos pacíficos de São Francisco de Assis (1182-1226) que recebeu uma missão do céu: reconstrói a minha Igreja?! Mas qual a diferença entre Francisco e Lutero?
O primeiro protestou na unidade, o segundo caiu na armadilha da divisão. Surgiram centenas e milhares de Igrejas Protestantes que se subdividem diariamente a partir da lógica que as gerou. A Igreja Católica se reconhece como una, santa, católica e apostólica. Não é de hoje que a fumaça de Satanás provoca líderes inteligentes e sedutores a protestos separacionistas.
O desafio é protestar, como Francisco, defendendo a Verdade, sem abrir mão da caridade e muito menos da unidade. Houve um tempo em que muitos católicos saíam para Igrejas Protestantes. Hoje no Brasil assistimos a um curioso movimento contrário: alguns evangélicos voltam para a Igreja Católica, mas trazem para dentro dela o seu sotaque protestante.
São como o homem do cachimbo que fumou tanto que ficou com a boca torta. É incômodo perceber o sorriso irônico, quase de prazer, de um filho que crítica a sua Mãe publicamente. No começo criticavam padres, depois seu bispo, a CNBB e agora chegaram ao Papa Francisco. Mais um pouco e estes “católicos protestantes” vão questionar o Concílio Vaticano II e o pontificado de Pio XII, Leão XIII até que chegarão ao Evangelho e não suportarão as páginas em que Jesus se revela presente nos pobres. Reeditarão, então, alguma heresia como o Docetismo que proclamava a divindade de Cristo mas não podia aceitar a sua humanidade.
E quando a Igreja Católica repetir que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14) eles não suportarão esse Deus na Carne e irão preferir um Deus só transcendente e se tornarão presa fácil de alguma religião que permita a evasão da história. Proteste, sim… proclame a verdade… mas nunca abra mão da caridade, nem da unidade e muito menos da humildade. Admita que seu ponto de vista possa até estar errado. Amém!