Em nosso cotidiano tem se evidenciado uma onda crescente de responsabilidades na existência do ser. Nesse turbilhão, acaba se esquecendo das fases da vida. A criança, por exemplo, vive com responsabilidade de um adulto, o adulto muitas vezes sem qualquer responsabilidade e o idoso com a responsabilidade de um “adulto”. Neste contexto tentarei delinear uma pequena reflexão quanto ao aspecto pueril do ser dentro de seu próprio contexto – a infância – e as responsabilidades impostas sobre a criança fora de seu “tempo”.
Observa-se que são feitas muitas exigências às crianças hoje, a este respeito podemos levantar dois questionamentos: será que não estamos colocando nossas responsabilidades nas pequenas e frágeis costas de nossas crianças? Não estaríamos impingindo às crianças uma frustração em nossas realizações, como se elas pudessem nos salvar de nossas desilusões? Devemos entender que a priori não vai aqui nenhum juízo de valor, não se pretende culpar os pais, mesmo porque estes cometem tais erros com a melhor das intenções. O problema é de ordem social. É preciso que os pais se conscientizem de seus papéis no conjunto da sociedade: qual é sua verdadeira vocação?
Evidentemente há muito que pensar. Os pais educam seus filhos dentro dos padrões que lhe são impostos pelo organismo social, sem muitas vezes questionarem o real sentido da educação e do amor que deve fertilizar as relações entre pais e filhos.
Nas Sagradas Escrituras, Jesus Cristo nos fala sobre como “ser” para alcançar o
reino dos céus: Naquele momento os discípulos chegaram a Jesus e perguntaram: “Quem é o maior no Reino dos céus?” Chamando uma criança, colocou-a no meio deles, e disse: “Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus. Portanto, quem se faz humilde como esta criança, este é o maior no Reino dos céus”. (MATEUS 18:14)
Concluindo essa breve reflexão, faço uma ressalva: que os pais não invertam os valores em relação às suas crianças, isto é, que seja recuperado seu “tempo” de infância; que as crianças possam viver como crianças e não como pequenos adultos com suas “agendas” predefinidas. Eduquem, estabeleçam limites, mas de nenhuma forma imponham “frustrações” e “sonhos não realizados” sobre eles; o futuro da humanidade está nas nossas crianças e não nos nossos desejos.