Diácono Juliano será ordenado padre neste sábado, 20, no Rio das Mortes

A Diocese de São João del-Rei vai ganhar um novo sacerdote para seu clero no próximo sábado, dia 20, quando o Diácono Juliano Henrique de Paula, pela imposição das mãos de Dom José Eudes Campos do Nascimento, será ordenado presbítero pelo Sacramento da Ordem. A celebração vai acontecer às 09h30, na Matriz de Santo Antônio e Beata Nhá Chica, no Distrito do Rio das Mortes.

Filho de Geraldo Raimundo de Paula e Marli Rosária do Carmo Paula, Juliano nasceu e foi criado no distrito junto dos dois irmãos, Jordana e Juliemerson. Como acontece com a maioria dos vocacionados, o despertar para a vida sacerdotal nasceu, primeiramente, no seio da fé familiar. “Pude ver e testemunhar o amor e a devoção de minhas avós, que fielmente transmitiram o dom da fé aos meus pais, os quais, por sua vez, me introduziram nesse mesmo caminho. Recordo que as primeiras fagulhas da vocação foram acesas durante a participação nas missas de minha comunidade. Esse processo se intensificou na preparação para a Primeira Eucaristia, quando recebi o convite de meu catequista, o senhor Vicente, para integrar o grupo de coroinhas. A partir desse convite, minha inserção na vida da Igreja tornou-se ainda mais profunda, pois servir na liturgia dominical era um dos momentos mais sublimes de minha infância. Foi nesse constante aproximar-se do altar do Senhor que reconheço minhas primeiras experiências de vocação sacerdotal”, recorda.

Foi se espelhando na figura do saudoso Monsenhor Juvenal, sua primeira grande referência sacerdotal, que Juliano passou a admirar e ver a beleza de se viver o sacerdócio. “Foi ele quem me batizou, presidiu minha Primeira Eucaristia, esteve presente em minha Crisma e, por um longo tempo, tive a alegria de servi-lo em diversas celebrações enquanto era meu pároco. Quando se tornou pároco emérito, tive ainda o privilégio de conviver mais de perto com ele em celebrações que marcaram profundamente minha caminhada vocacional”.

Durante uma Semana Santa, na qual o jovem estava servindo na liturgia, mais precisamente na Quinta-feira Santa, dia da instituição da Eucaristia e do Sacerdócio, Juliano viveu junto com a comunidade um intenso testemunho. “Apesar da idade avançada, Monsenhor Juvenal conduzia as celebrações com zelo, piedade e amor. O momento que mais me tocou foi quando, curvado pela fragilidade física, se pôs a lavar os pés dos representantes dos discípulos. Aquela imagem de humildade e entrega permanece gravada em minha memória como sinal do verdadeiro pastor. Outros sacerdotes também tiveram importância nesse processo de discernimento. Destaco, com reverência, o Padre Vinícius, que foi meu pároco e me conduziu aos encontros vocacionais da Diocese, ajudando-me a discernir com coragem o chamado que Deus me fazia”, pontua o jovem.

Se na terra o jovem tem vários amigos que o inspiraram na fé, no céu não poderia ser diferente. Criado sob a tutela do Glorioso Santo Antônio, Juliano vê no santo uma forte inspiração para o seguimento de Cristo, o aclamando com seu grande intercessor junto à Deus. Ao lado, clado, da conterrânea Nhá Chica, figura simples e discreta com um testemunho humilde de abandono nas mãos da Divina Providência.

Na infância, depois de servir como coroinha, suas principais brincadeiras eram “celebrar missa” e organizar pequenas procissões, reunindo amigos e se tornando uma verdadeira diversão catequética. Além de coroinha, atuou em vários movimentos: na Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), como catequista da Crisma, no Grupo de Jovens Alerta Dinâmico, no movimento de Emaús e ajudando nas comissões organizadoras da festa de Santo Antônio. O jovem ainda participou, por um tempo, do Congado de Nossa Senhora do Rosário, um dos mais antigos de Minas Gerais, que mantém viva uma forte expressão de fé na comunidade, inspirando a muitos a cultivarem a devoção à Virgem Maria e o carinho pelo Congado.

Após um processo de discernimento nos encontros vocacionais, Juliano foi aceito para ingressar no seminário da Diocese de São João del-Rei. “O tempo de seminário, além dos estudos acadêmicos de Filosofia e Teologia, foi uma oportunidade privilegiada para aprofundar o chamado de Deus a segui-Lo mais de perto. Sob as orientações dos reitores e formadores, pude colocar em prática meus dons e habilidades, mas também fui chamado a reparar as arestas, olhando para aquilo que precisava ser lapidado para melhor servir. Vivi momentos de grandes aprendizados, marcados por alegrias e desafios, mas sempre confiante de que Aquele que chama também capacita, apontando o caminho que devemos seguir”, destaca.

Na última semana do mês de julho, o diácono esteve em retiro no Santuário do Caraça, localizado na cidade de Catas Altas e pertencente a Arquidiocese de Mariana. O momento foi de grande aprofundamento na fé e espiritualidade. Um momento importante e necessário de preparação.

“Às portas de minha ordenação presbiteral, experimento ainda mais o amor e a misericórdia de Deus para comigo. Depois de um longo processo de amadurecimento vocacional, acolho com gratidão e carinho a missão que a Igreja Particular de São João del-Rei me confia: ser ordenado presbítero. É natural sentir certa ansiedade neste tempo de preparação, pois desejo que tudo seja vivido com fé e bem preparado; mas vejo também como um período de intensa espiritualidade. Desde a publicação da nota sobre minha ordenação, intensifiquei minhas orações, tendo sempre diante de mim o meu lema sacerdotal, ‘tudo suporto por causa dos eleitos’ (2Tm 2,10), no desejo de conformar minha vida, minha história e todo o processo vocacional aos mistérios de Cristo”.

E não é pra menos que a expectativa seja grande, afinal, a ordenação presbiteral, com o recebimento do segundo grau do Sacramento da Ordem, torna-se o marco de uma nova etapa da caminhada. “Cada lágrima e cada conquista deste caminho de discernimento avalio como positivos, pois sempre reconheci a presença do Senhor em todos os momentos, guiando-me e corrigindo-me, para que eu pudesse seguir firme e com coragem no ‘sim’ que entregarei a Ele, na presença de toda a Igreja”, conclui,

Se vale a pena trilhar todo esse caminho? O jovem nem hesita em responder o “sim”. “Deixo uma palavra de incentivo aos jovens, sobretudo àqueles que vivem a dúvida sobre a vida sacerdotal: permitam-se interpretar os sinais de Deus em suas vidas. Cada situação vivida é um sinal que Ele deseja revelar a vocês. Diante disso, abram-se ao diálogo e aprofundem o chamado, conversando com seu pároco e buscando um acompanhamento junto ao seminário de nossa Diocese. Assim, o caminho de discernimento se torna mais fecundo e a resposta ao chamado de Deus pode amadurecer com confiança”.