Fé, tradição e reflexão marcam Semana Santa na diocese

O Tríduo Pascal, que recorda e atualiza a Paixão, morte e ressurreição de Jesus, é o ponto alto do calendário litúrgico da Igreja Católica. Esse período litúrgico garante aos católicos a lembrança profunda dos fundamentos da fé cristã, que Jesus Cristo morreu e ressuscitou para livrar todos do pecado.

Em 1999, São João Paulo II, ainda papa, escreveu na carta aos sacerdotes que “a fé garante-nos que essa passagem de Cristo ao Pai, ou seja, a Sua Páscoa, não é um acontecimento que diga respeito só a Ele; também nós somos chamados a tomar parte nela: a Sua Páscoa é a nossa Páscoa”.

Iniciado na tarde da Quinta-Feira Santa, o Tríduo Pascal retoma toda a Paixão de Jesus Cristo e se destaca pelo ápice celebrativo da Semana Maior dos cristãos.

QUINTA-FEIRA SANTA

A quinta-feira, 18, foi marcada pela celebração da Ceia do Senhor. Nas paróquias, momentos de oração e criatividade fizeram presentes durante o rito. Com encenação, os sacerdotes repetiram a mesma ação de Jesus, lavando os pés de seus paroquianos.

Na Paróquia da Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, como de costume, a encenação ocorreu na parte externa do templo, na Praça Francisco Neves e contou com a presença da Orquestra Ribeiro Bastos, que entoou composições como o “Domine” e “tu mihi lavas pedes” (“Senhor, lavai-me meus pés”), todas em latim, de autoria do padre José Maria Xavier.

A cena, realizada há quase dois mil anos atrás, motiva o cristão ao serviço, a descruzar os braços e ir ao encontro do próximo.

Ainda na quinta-feira, celebrando a Instituição da Eucaristia, as cerimônias da quinta-feira contaram também com a desnudação do altar, transladação e adoração ao Santíssimo Sacramento.

SEXTA-FEIRA SANTA

Em clima de silêncio a sexta-feira da Paixão, 19, amanheceu com jejum, oração e reflexão em diversas Paróquias da Diocese. Vigílias, Vias-sacras, teatros e visita às Igrejas foram algumas atrações religiosas deste importante dia de fé para o católico.

No início da tarde, na Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, padre José Lélis da Silva, Capelão da Santa casa de Misericórdia de Juiz de Fora, conduziu o sermão das Sete Palavras. O tradicional rito, que é acompanhado pela Orquestra Ribeiro Bastos, deu sequência à Ação Litúrgica, celebrada em todo o mundo às quinze horas.

A celebração, que não possui consagração, é dividida em diversos atos, dentre eles, o emocionante Canto da Paixão, a Oração Universal, Adoração e Beijo da Cruz.

Olhar atento, coração aberto. Esta era a cena, em muitas paróquias, na noite de sexta-feira. Titulada como “Descendimento da Cruz”, a cerimônia paralitúrgica é conduzida por um pregador que, com atualidade, reflete a tocante cena com ações corriqueiras da atualidade. Este ano, no centro de São João del-Rei, a cena foi narrada pelo bispo diocesano, Dom José Eudes Nascimento.

A tocante cena foi assistida por milhares de fiéis na escadaria das Mercês, além dos telespectadores da Tv Aparecida, em rede nacional, e da Tv Campos de Minas, em transmissão regional, que puderam acompanhar cada detalhe, na comodidade de sua casa.

Com palavras firmes, Dom José falou sobre preconceitos, políticas públicas e ganâncias que interverem a qualidade de vida dos mais pobres e oprimidos. Ele falou sobre os crimes ambientais e sociais de Mariana e Brumadinho e pediu inquietação dos cristãos após a abordagem da Campanha da Fraternidade deste ano.

https://www.youtube.com/watch?v=t0WyBomhSLY

A lua já seguia alta quando, aos poucos, placa, coroa de espinhos e cravos eram retirados da imagem de Cristo na cruz. Interpretando José de Arimatéia e Nicodemos, os padres Geraldo Magela e Álisson Sacramento retiravam os objetos no comando do pregador.

A cena teve seu término com o tocante canto da Verônica: “O Vos Omnes”, procissão e “sepultamento”.

Assim como na Paróquia do Pilar, outros lugares também aderiram a cerimônia paralitúrgica para uma reflexão maior sobre o mistério da morte de Cristo. Além das imagens, leigos se voluntariaram para recordar a figura de alguns personagens bíblicos, seja do Antigo ou do Novo Testamento.

SÁBADO SANTO

Já no último sábado, 20, a Igreja Católica realizou a Vigília Pascal. A celebração, em caráter solene, é considerada “a mãe de todas as vigílias” e recorda a noite santa em que Jesus Cristo passou da morte para a vida.

A celebração inicia-se fora do templo, onde o sacerdote abençoa o fogo e acende uma grande vela chamada de Círio Pascal, que representa Cristo, a luz do mundo. Os fiéis acendem suas velas no Círio e caminham, em procissão, para o interior da igreja, onde se canta a “Proclamação da Páscoa”.

É durante a Vigília que ocorre a benção da água utilizada no batismo e, em alguns lugares, pode ocorrer à cerimônia do sacramento de iniciação cristã.

Com alegria aflorada, a celebração marca o retorno dos tradicionais cânticos de “Aleluia” e “Glória”, privados desde o início da quaresma. Além do som dos sinos, calados na noite da quinta-feira santa.

DOMINGO DA RESSURREIÇÃO

Centenas de fiéis reservaram a manhã deste domingo, 21, para celebrar a data que marca a ressurreição de Jesus no calendário cristão. Nas paróquias da Diocese, o dia foi marcado por uma festiva programação.

Pela manhã, dom José Eudes presidiu a Solene Missa Pontifical, celebrando a ressurreição de Cristo e concedendo a Benção Papal, com indulgência plenária. Durante a homilia, dom José falou sobre o significado da Páscoa e as mudanças que o Cristão deve fazer em sua vida.

https://www.youtube.com/watch?v=gTZ3ZUhfMXs

Na programação de domingo, houve procissões com Jesus Eucarístico e homenagens à Nossa Senhora. Em São João del-Rei, padre Vinícius Campos, conduziu o sermão. Ao som do “Regina Caeli“, dom José Eudes retirou a espada da imagem de Nossa Senhora das Dores e colocou em sua fronte uma coroa de prata. O gesto, serviu para um reconhecimento de amor diante da Virgem Maria.

Para encerrar as solenidades, em muitos lugares foram entoados o “Te Deum laudemus”, hino de ação de Graças.