Pastoral Familiar emite nota oficial com revisão e aprovação do bispo

Na manhã dessa segunda-feira, 18, foi divulgada uma notal oficial da Pastoral Familiar da Diocese de São João del-Rei. Redigida por André Parreira, o documento teve a revisão e aprovação do bispo, Dom Célio Oliveira Goulart. Direcionada aos padres, leigos coordenadores de pastorais e movimentos de cada paróquia e a todos os fieis interessados, a nota fala sobre a atuação da Pastoral, assim como sua missão e definição. Confira:

 

Estimado(a) irmão(ã) em Cristo,

Com alegria e esperança, pedimos uns minutos de sua atenção para a seguinte nota.

Nossa diocese passa por um bonito momento, onde floresce a atuação da Pastoral Familiar. Isso não significa, de forma nenhuma, menosprezar tantos outros movimentos e grupos que se empenham, há anos, em favor das famílias. Mas significa que um pedido claro e direto da Igreja está sendo atendido: “Em cada Diocese, vasta ou pequena, rica ou pobre, dotada ou não de clero, o Bispo estará agindo com sabedoria pastoral, estará fazendo investimento altamente compensador, estará construindo, em médio prazo, a sua Igreja particular, à medida que der o máximo a uma Pastoral Familiar efetiva” (João Paulo II aos bispos do Brasil em 1980)

Este fato recente na Diocese de São João del-Rei tem gerado não só esperanças e motivações, mas também apreensões sobre a atuação da Pastoral Familiar e, principalmente, de seu setor Pré-Matrimonial (preparação para o Matrimônio). É comum que toda proposta nova cause resistências. Em geral, grande parte das resistências acontecem por desconhecimento da nova realidade ou, muitas vezes, somente o conhecimento superficial.

Para colaborar na compreensão da nova situação e, sobretudo, pedir o apoio de todos, apresentamos um breve resumo, na forma de Perguntas e Respostas. É um material breve, somente um ponto de partida.

 

A PASTORAL FAMILIAR é mais um movimento na diocese?

Não. A Pastoral Familiar não é um movimento como, por exemplo, o Emaús, RCC, MFC, ECC e outros. Movimentos possuem seus próprios carismas (inspirações-formas de trabalho). Uma pastoral é uma ação direta da Igreja que organiza o trabalho em setores específicos.

 

Onde surgiu a Pastoral Familiar?

Diferentemente dos movimentos, a Pastoral Familiar não foi iniciativa de uma pessoa ou de um grupo, mas é um trabalho pedido pela própria Igreja. É uma pastoral citada diretamente nos documentos oficiais da Igreja. A exortação Familiaris Consortio de São João Paulo II descreve claramente como deve se organizar a Pastoral Familiar e como ela deve agir. Recentemente, a exortação Amoris Laetitia do Papa Francisco também cita e pede a atuação intensiva desta pastoral. Vários outros documentos do Vaticano e da CNBB também falam da Pastoral Familiar.

 

A PASTORAL FAMILIAR pretende assumir todos os trabalhos relativos a famílias? Como ficam os movimentos já existentes na diocese?

A Pastoral Familiar não pretende e não pode assumir todos os trabalhos em favor da família. Seu grande objetivo é articular e integrar as ações. Nas paróquias onde há outros movimentos, seus membros são os primeiros convidados para apoiar os trabalhos da Pastoral Familiar, sem, contudo, se desligar de seus grupos e movimentos. Nenhum movimento vai se transformar em Pastoral Familiar. Mas, todos podem apoiar a Pastoral Familiar, que é apoiar as famílias, além de continuarem desenvolvendo suas atividades em seus movimentos.

 

Onde há movimentos nas paróquias que cuidam das famílias, porque é necessário a Pastoral Familiar?

Precisamos porque este é um pedido da Igreja. Mesmo havendo movimentos que cuidam das famílias em uma Paróquia, a Pastoral Familiar é uma ação que responsabiliza o pastor, ou seja, o bispo, o pároco, que por sua vez preparam agentes para a Pastoral Familiar. Estes agentes podem e devem surgir dos movimentos de casais, que são motivados a exercer uma ação missionária junto às famílias, seja em preparação para o Matrimônio, seja em outras atividades que atinjam os jovens e os noivos.

 

Sobre a preparação para o Matrimônio, o que significa uma ação articulada e harmoniosa coordenada pela Pastoral Familiar?

No documento de título Preparação para o Sacramento do Matrimônio, publicado pelo Conselho Pontifício para a Família em 1996, fica claro que a ação de preparação para o Matrimônio deve ser coordenada diretamente pelo bispo, que é representado pela comissão diocesana da Pastoral Familiar. Esta comissão deve conhecer todas as ações de preparação e incentivar que todas se alinhem com as orientações da Igreja, principalmente na fidelidade à doutrina, mas também na estrutura da preparação.

 

A preparação para o Matrimônio se resume aos tradicionais encontros/cursos de noivos?

Não, a preparação é um processo contínuo. Na Familiaris Consortio e em vários outros documentos, somos convidados a cuidar da preparação desde a infância (na família e na catequese) e com os setores que trabalham com adolescentes, jovens e namorados. Isto tudo é a Preparação Remota. Para aqueles que namoram firme ou começam o noivado, devemos oferecer os Encontros ou Cursos de noivos , que é a Preparação Próxima. E, na proximidade do casamento, devemos oferecer um momento de reflexão em alguns temas específicos e apoio na preparação da celebração, a Preparação Imediata.

Em nossa diocese a grande maioria das paróquia faz somente a preparação próxima (cursos de noivos) no momento que seria adequada a preparação imediata.

 

Há algum tempo, vem surgindo na diocese uma novidade sobre os cursos/encontros de noivos? Qual é essa novidade?

Em primeiro lugar, comentamos que não é novidade, pois o que vem sendo sugerido é uma estrutura pedida pela Familiaris Consortio em 1981, pelo documento Preparação Para o Sacramento do Matrimônio em 1996 e recentemente, de forma insistente, pelo Papa Francisco que comenta que não podemos dar somente algumas palestras para que se decidam por um sacramento que é para toda a vida.

Em nossa diocese, talvez seja novidade na maioria das paróquias, mas algumas já o fazem há algum tempo. O que nos é sugerido e destacado no Diretório Diocesano da Vida Sacramental publicado em Março/2016 é a adequação dos grupos de encontros/cursos de noivos para o modelo de acolhimento de noivos. Este modelo realiza a preparação em vários encontros em um ambiente de partilha, o gera muitos frutos.

Tal metodologia já existe em muitos lugares do mundo e do Brasil. Dioceses próximas à nossa já fazem dessa forma há muito tempo, algumas há mais de 15 anos.

 

Por que alguns movimentos e alguns sacerdotes não querem implantar a Pastoral Familiar e, principalmente, não querem saber de mudanças nos encontros/cursos de noivos?

Já escutamos diversas justificativas como não haver leigos disponíveis para abraçar a Pastoral Familiar. Sobre a preparação para o Matrimônio, já escutamos se dizer que os noivos não aceitariam a mudança e não teriam tempo para isto. Nós não acreditamos nestes argumentos. Se diversas paróquias em todo o mundo, em lugares pequenos e em metrópoles, fazem assim, por que não daria certo nesta ou naquela paróquia? E, falando de modo mais aprofundado: se a Igreja, guiada pelo Espírito Santo, assim nos pede, só não dará certo se não tiver nossa cooperação.

Temos um testemunho de como a mudança ocorreu em nossa paróquia que pode ser esclarecedor, veja em https://diocesedesaojoaodelrei.agenciaparresia.com.br/2585-2/ (Site da Diocese, texto É urgente repensar a preparação para o Matrimônio)
Além disso, na 1a Assembleia Diocesana da Pastoral Familiar, ocorrida em Maio/2016, com a presença de representantes da maioria das paróquias, de sacerdotes e do bispo, esta metodologia foi apresentada como um caminho possível para toda a diocese.

 

Haverá formação para esta nova metodologia?

A metodologia do acolhimento é simples, pois se baseia em reuniões de pequenos grupos com a leitura de um texto e partilha dos temas. O livro de apoio sustenta a reunião e garante a doutrina. Os agentes/formadores precisam somente coordenar a leitura e as partilhas.

Ainda assim, teremos momentos de formação para os interessados. Procure a coordenação da Pastoral Familiar de sua forania para maiores informações.

 

A preparação dos que já formalizaram o noivado, quando a comunidade paroquial consegue acompanhá-los com bom período de antecipação, deve dar-lhes também a possibilidade de individuar incompatibilidades e riscos. (PAPA FRANCISCO, AMORIS LAETITIA, 209)

Nossas famílias precisam de um trabalho com muita união e disposição. Sigamos na fé que supera o medo e as incertezas.

Esperamos ter contribuído com o esclarecimento de dúvidas e visão geral das questões envolvidas. Nossas famílias precisam de um trabalho com muita união e disposição. Sigamos na fé que supera o medo e as incertezas.

 

Paz e bem!

André e Karina

Casal da Comissão Nacional de Pastoral Familiar – CNBB / INAPAF responsável pela formação pré-matrimonial.

Contato: [email protected]