Uma reforma no coração

É muito interessante o funcionamento do nosso coração. Não estou falando de ventrículos, aurículas e válvulas cardíacas, que são responsáveis pelo bombeamento do sangue a todas as células de nosso corpo e da purificação dessas mesmas.

Quando digo “coração”, refiro-me àquele órgão que sempre foi visto pela Antiguidade como o centro de todas as emoções e de todos os sentimentos humanos. Essa propriedade sentimental do coração é ainda mais complexa do que a sua capacidade anatômica.

Bem ali é que se guardam os bons momentos da vida! Vez e outra, ouvimos a frase: “Nossa, isso ficará guardado para sempre em meu coração!”.

O cérebro faz todo o serviço, mas quem leva a fama é o coração. Ah, esse músculo peculiar do corpo humano! Responsável pelo amor e pela caridade (coração generoso – coração bondoso); pelas paixões borbulhantes (coração apaixonado – coração acelerado); pelas desilusões e decepções (coração partido – coração machucado); pela mágoa azeda e pelo ódio visceral (coração frio – coração de pedra).

Esse é o nosso coração, repleto de alegrias e dores. Marcado por boas lembranças e por cicatrizes! Um homem que entendeu muito bem o simbolismo do coração humano foi Jesus Cristo. A palavra coração (καρδία) aparece mais de quarenta vezes nos Evangelhos e quase sempre proferida por Jesus.

A maior missão do Nazareno era a de converter os corações endurecidos: “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve!” (Mt 11, 29-30).

Quanta riqueza nessa frase! Jesus está dizendo-nos que ele não é insensível no seu julgamento, mas é amoroso e paciencioso com os nossos limites. No entanto, o convite é claro: APRENDEI DE MIM, ou seja, se ele é manso e humilde de coração, devemos aprender a fazer o mesmo: tentar agir com mansidão e humildade com aqueles que estão ao nosso redor!

A missão dos cristãos é continuar o Redentor nos dias de hoje. Como dizia o Pe. Zezinho em sua canção: “Amar como Jesus amou. Pensar como Jesus pensou. Viver como Jesus viveu. Sentir como Jesus sentiu!”. Pois, percebe-se que é errado se considerar cristão quando se está longe do Cristo e de seus ensinamentos: “Este povo somente me honra com os lábios; seu coração, porém, está longe de mim!” (Mt 15, 8).

Por isso, é urgente que façamos uma reforma em nosso coração, ou ao menos uma faxina. Não é possível ter uma vida saudável, tranquila e agradecida se o coração estiver repleto de mágoas e tristezas; de desânimo e desejos de vingança. Busquemos, portanto, o amor e o perdão como os maiores tesouros de nossa vida, afinal: “onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração!” (Lc 12, 34). E com a última frase que escrevo a seguir, a palavra em foco se repetirá pela vigésima quinta vez: “Que Deus esteja no coração de todos!”.

Fonte: A12