4º Domingo do tempo Pascal

Jo 10,1-10

Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância

O 4º Domingo da Páscoa é chamado “Domingo do Bom Pastor”, pois todos os anos a liturgia propõe, neste domingo, Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado como “Bom Pastor”. Contudo, do ponto de vista litúrgico devemos chamar esse domingo de “Domingo do evangelho do bom pastor”

A figura do pastor já foi utilizada na teologia judaica do Antigo Testamento pelo profeta Ezequiel. Ezequiel afirma que os lideres de Israel foram maus pastores, que levaram o povo para o caminho da morte. Ezequiel profetizou afirmando que o próprio Deus vai agora assumir a condução do seu Povo; Ele porá à frente do seu Povo um “Bom Pastor” (o Messias) que o livrará da escravidão e o conduzirá à vida. Nesse excerto do evangelho de João vemos a realização dessa profecia.

Na perícope deste domingo vemos Jesus que conduz a um êxodo para fora da instituição judaica.Assim se lê: 10, “Em verdade, em verdade vos digo: quem não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador. Quando o evangelista fala de redil (átrio em outra tradução) está fazendo uma referência aotemplo, ou a instituição judaica na qual os poderosos (ladrões e assaltantes) exploram o povo.

Em Jo 10,2-3 lemos: 2 Mas quem entra pela porta é o pastor das ovelhas.
A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz. Ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz à pastagem. Os ladrões e assaltantes que saltam o muro são os opositores do pastor. O pastor, ao contrário dos ladrões, entra pela porta, assim podemos dizer que Jesus é o único que tem o direito de entrar no templo-instituição e o único que é reconhecido.

O pastor entra para cuidar das ovelhas, não para explora-las e por isso elas escutam a sua voz. A voz de Jesus traz consigo uma mensagem de salvação e liberdade que não é anônima pois o pastor conhece a cada uma das ovelhas e as chama pelo nome. A atividade de Jesus quer levar o povo para a liberdade retirando as pessoas das amarras da instituição judaica. Instituição que era lugar de trevase de dominação.

Na perícope de Jo, 10,4 lemos: “Depois de conduzir todas as suas ovelhas para fora, vai adiante delas; e as ovelhas seguem-no, pois lhe conhecem a voz.Lemos que Jesus conduz as ovelhas para fora, para fora de onde? Da instituição judaica. O templo, lugar de exploração, era lugar de morte para o povo, por isso Jesus lança as ovelhaspara fora. As ovelhas não podiam sair sozinhas, pois não havia como. Jesus as tira e oferece a elas a vida.

Até aqui vemos que Jesus apresenta-se como “o Pastor”, cuja missão se contrapõe a dos dirigentes judeus que acham ter o direito de pastorear o “rebanho”, contudo são maus pastores e por isso Jesus conduz as ovelhas para a liberdade fora das amarras do templo-instituição.

Dos versículos 7-10 veremos que Jesus é a única alternativa para as ovelhas. No versículo 7 Jesus diz: “Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas.Ao dizer isto Cristo declara-se como único lugar de acesso legítimo das ovelhas.

No versículo 9 Jesus reafirma ser a porta e quem passar por ela será salvo. Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo; tanto entrará como sairá e encontrará pastagem.. Passar pela porta que é Cristo significa dar adesão, segui-lo e ao fazer isso o ser humano estará aderindo a uma proposta de vida e salvação.

No final do nosso evangelho dominical vemos a frase: “O ladrão não vem senão para furtar, matar e destruir. Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância”. O ladrão (dirigentes judaicos) só tem um propósito que é a destruição das ovelhas. O próprio Jesus disse que o templo virou casa de comércio, os lideres judaicos não estão preocupados com as pessoas.

O nosso evangelho termina mostrando a diferença entre Jesus e os dirigentes: os líderes religiosos judaicos utilizam o “rebanho” para satisfazer os seus próprios interesses egoístas, despojam e exploram o povo; mas Jesus só procura que o seu “rebanho” encontre vida em plenitude.